terça-feira, 22 de novembro de 2011

QUANTOS DE NÓS...





Maria é uma mãe como tantas outras. Trabalha por turnos numa fábrica de pacemakers e nem sempre tem o tempo que gostaria para a sua família.

Quando chega a casa vem cansada. Os seus dedos curvados de horas a fio na mesma posição, trazem-lhe dores incomensuráveis que a impossibilitam de realizar as tarefas habituais do dia-a-dia de uma forma regular e exemplar.

Se chega a casa pela manhã, prepara o pequeno-almoço dos filhos, beija-os e fala com eles desejando que tenham um bom dia e que as coisas lhes corram de feição; se chega a casa de noite vai junto à cama de cada um dos filhos e beija-os, aconchega-lhes as mantas, verifica a roupa seleccionada para usar no dia seguinte, compõe os chinelos e deseja-lhes o melhor do mundo.

Na sua vida rotineira do trabalho para casa e desta para o trabalho ainda tem que arranjar tempo para cuidar da casa, das roupas, preparar as refeições para a família, gerir o mísero ordenado consoante as necessidades prementes e as despesas fixas mensais… e, acima de tudo, tem que administrar o seu tempo para que não lhe faltem horas de descanso.

Super-mulher, diriam uns.

Tem mania de que é mais que as outras, atiram outros.

Pobre coitada… e por aí fora, num rol interminável de rótulos e diagnósticos precoces de quem prefere comentar a vida alheia a olhar para o seu próprio caso.

No fundo, Maria é feliz com a sua vida. Gosta daquilo que faz, por cada pilha que termina coloca-a de parte com carinho, desejando felicidade ao seu portador e acreditando que o seu trabalho vai fazer a diferença para a pessoa que vier a usar.

Em casa, em todas as suas tarefas coloca todo o seu amor e vê neste acto a possibilidade de contribuir com a estabilidade essencial para o crescimento dos filhos.

Enquanto realiza as suas tarefas sorri e canta, porque isso a faz sentir viva e vibrante, organiza a divisão de tarefas pelos coabitantes do seu mundo e planifica as suas aventuras e diversões para o Domingo, que é dia em família…

Quantos de nós, mais afortunados com o tempo, não o usamos da melhor forma?
Quantos de nós não olhamos para o trabalho que fazemos com amor?
Quantos de nós pensamos em ter tempo para sermos nós e sermos mais felizes?
Quantos de nós…

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Um Sorriso

Um sorriso ...
é uma linha curva que tudo endireita,
é um medicamento natural,
é um convite que se estreita,
é universal.


...um sorriso... ժպիտ... et smil...  






ett leende... 
微笑... 
një buzëqeshje...
ابتسامة... 
 笑顔... 
një buzëqeshje... 
un sourire... ett leende... 

 একটাস্মিত... 
un somriure...
'n glimlag...
un sorriso... 
ein Lächeln... 




quinta-feira, 17 de novembro de 2011

EM QUALQUER INSTANTE

Sento-me à espera de dias melhores, de algo ou alguém que não prometeu vir. 
Já cheguei à conclusão que não vale a pena andar a correr desenfreadamente e sem destino a fazer de conta que tenho uma vida muito ocupada, porque provavelmente isso não me vai levar a nenhum lugar, apenas me vai deixar cansada e triste.
Fico parada, virada para dentro e descubro que a vida me passa ao lado e que também não é por aí o meu caminho.
Refleti. Questionei-me. Chorei e sofri em silêncio. Até que um dia um raio de sol me entrou por uma frincha da janela do meu quarto que eu teimava em deixar na penumbra, e na sua simplicidade, o raio de sol arrancou-me um sorriso. 
Nesse momento percebi que aquilo que buscava era a minha felicidade.
Pareceu-me incrível que depois de tanto tempo e tanta luta interior, um simples raio de sol me trouxesse uma paz e uma calma como não me lembrava de ter sentido antes. Achei inacreditavel que uma coisa aparentemente tão simples como a felicidade pudesse ser tão difícil de encontrar. 
Abri a janela de par em par...o sol jorrou quente e iluminou todos os recantos do meu quarto e do meu ser.
Pensei muito sobre isso, enquanto fruía o sol a bater-me na cara e a aquecer-me a pele. Decidi que era algo pelo qual valia a pena lutar, era a minha felicidade, a minha vida...era eu.
Organizada e metódica como sou, coloquei um plano em funcionamento. Daquele momento em diante iria fazer duas listas paralelas: uma do que me fazia feliz, outra do que queria alterar porque me provocava sentimentos diferentes do da felicidade. 
Paralelamente comecei a por em prática e a qualquer instante do dia as coisas que me faziam feliz. 
Reconheço que não era fácil. 
A primeira coisa que me fazia feliz na minha lista - SORRIR. 
Ora e logo eu, cujos traços faciais são severos e a educação foi em sentido contrário ao riso fácil, apercebi-me de imediato que iria ser difícil.
Sentia que sorrir me fazia bem, que me deixava mais leve, mas por outro lado não encontrava motivos para sorrir. Como os motivos não apareciam, eu acabava por passar os dias sem me lembrar e consequentemente sem sorrir.
Nada acontece sem um treino, por isso revi os meus hábitos e resolvi impor algumas novidades na minha vida. Inicialmente fiquei relutante porque as minhas formas de chegar ao sorriso me pareceram descabidas e um pouco infantis na altura... Duvidei e questionei novamente se a felicidade era assim tão importante...sim era.
Resolvi começar com um sorriso para mim própria ao levantar e ao deitar. Sim, afinal de contas, quem melhor do que eu para receber e dar um sorriso à minha pessoa? Depois comecei a sorrir para todos aqueles que me dirigiam a palavra, e gradualmente fui aumentando o número de vezes e os motivos para sorrir. 
Em poucos dias comecei a encontrar muitos motivos para sorrir...quando um semáforo estava vermelho, sorria; todas as manhãs escolhia uma cor e sempre que visse alguém ou alguma coisa da cor definida, sorria; quando o vento me soprava os cabelos, sorria...e por aí fora.
Comecei a sentir-me mais leve, solta e apercebi-me que por cada sorriso que dava, o próximo custava menos a dar e que sem o esperar comecei a receber sorrisos de volta.
Será que as pessoas não me sorriam antes ou era eu que não as via sorrir?
Adiante! Que o tempo é curto e a jornada rumo à felicidade é longa.
A pouco e pouco tornou-se fácil, para mim, sorrir em qualquer situação ou instante...
Decidi passar à segunda coisa na minha lista: olhar. Olhar esse que fica para outro momento, em qualquer instante...